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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Os quatro ciclos de leitura Bíblica

Fonte:http://freebiblecommentary.org

Os quatro ciclos de leitura foram organizados para permitir os seguintes discernimentos interpretativos:
A. O primeiro ciclo de leitura:
1. Leia o livro de ponta-a-ponta. Leia novamente em uma tradução diferente, preferencialmente
com uma diferente teoria de tradução:
a. palavra por palavra (ARC, ARA, etc.);
b. equivalência dinâmica (NTLH, BJ);
c. paráfrase (Bíblia Viva, Bíblia Amplificada).
2. Procure o propósito central do texto como um todo. Identifique seu tema.
3. Isole (se possível) a unidade literária, um capítulo, um parágrafo ou uma sentença que expresse
claramente esse propósito ou tema central.
4. Identifique o gênero literário predominante –
a. No Velho Testamento:
(1) Narrativa hebraica;
(2) Poesia hebraica (livros de sabedoria, Salmo);
(3) Profecia hebraica (prosa, poesia);
(4) Códigos da Lei.
b. No Novo Testamento:
(1) Narrativas (Evangelhos, Atos);
(2) Parábolas (Evangelhos);
(3) Cartas/Epístolas;
(4) Literatura Apocalíptica.
B. O segundo ciclo de leitura:
1. Leia todo o livro novamente, procurando identificar os tópicos ou assuntos principais.
2. Destaque os tópicos principais e resuma seu conteúdo em uma declaração simples.
3. Cheque sua declaração de propósito e esboço com os apoios de estudo.

C. O terceiro ciclo de leitura:
1. Leia todo o livro mais uma vez, procurando identificar o contexto histórico e a ocasião específica
da escrita do livro bíblico específico.
2. Liste os itens históricos mencionados no livro bíblico específico:
a. o autor;
b. a data;
c. os destinatários;
d. a razão específica para sua escrita;
e. aspectos do ambiente cultural que se relaciona com o propósito do texto que foi escrito;
f. referências ao povo e aos eventos históricos.
3. Expanda seu esboço para o nível de parágrafo naquela parte do livro bíblico que você está
interpretando. Sempre identifique e resuma a unidade literária. Pode ser com diversos capítulos ou parágrafos.
Isso capacita você a acompanhar a lógica original do autor e o desígnio do texto.
4. Analise o contexto histórico usando os auxílios ao estudo.
D. O quarto ciclo de leitura:
1. Leia a unidade literária específica novamente, em diversas traduções:
a. palavra por palavra (ARC, ARA, etc.);
b. equivalência dinâmica (NTLH, JB);
c. paráfrase (Bíblia Viva, Bíblia Amplificada);
2. Procure por estruturas literárias ou gramaticais:
a. frases repetidas (Ef 1.6,12,13);
b. estruturas gramaticais repetidas (Rm 8.31);
c. conceitos em contraste.
3. Liste os seguintes itens:
a. termos significativos;
b. termos pouco usuais;
c. estruturas gramaticais importantes;
d. palavras, cláusulas e sentenças particularmente difíceis.
4. Procure por passagens paralelas relevantes:
a. Procure a passagem com o ensino mais claro possível sobre o seu assunto, usando:
(1) livros de “teologia sistemática”;
(2) Bíblias de referência;
(3) concordâncias.
b. Procure algum possível paradoxo dentro do seu assunto. Muitas verdades bíblicas são
apresentadas em pares dialéticos; muitos conflitos denominacionais surgem de uma “meia prova textual”
num texto bíblico com tensão. Toda a Bíblia é inspirada e temos que procurar sua mensagem completa,
para dar equilíbrio escriturístico à nossa interpretação.
c. Procure paralelos dentro do mesmo livro, do mesmo autor ou do mesmo gênero; a Bíblia
é o seu melhor intérprete, porque tem um só autor, o Espírito.
5. Use auxílios ao estudo para checar suas observações de contexto histórico e época:
a. Bíblias de estudo;
b. Enciclopédias, manuais e dicionários bíblicos;
c. Introduções à Bíblia;
d. Comentários da Bíblia (neste ponto do seu estudo, permita à comunidade de crentes,
passada e presente, auxiliar e corrigir o seu estudo pessoal).
IV. Aplicação da interpretação bíblica
Neste ponto voltamo-nos para a aplicação. Você investiu o tempo para entender o texto no seu ambiente
original; agora você tem que aplicá-lo à sua vida e à sua cultura. Costumo definir autoridade bíblica
como “entender o que o autor original da Bíblia estava dizendo para a sua época e aplicar tal verdade
à nossa época”.
A aplicação tem que acompanhar a interpretação da intenção original do autor, tanto no tempo
quanto na lógica. Não podemos aplicar uma passagem bíblica à nossa época até que entendamos qual
ela era no seu tempo! Uma passagem bíblica não pode significar o que nunca pretendeu significar!
O seu esboço detalhado, no nível de parágrafo (CICLO DE LEITURA TRÊS), será o seu guia. A
aplicação tem que ser feita no nível de parágrafo, não no nível de palavra. Palavras têm significado somente
no contexto; cláusulas têm significado somente no contexto; sentenças têm significado somente
no contexto. A única pessoa inspirada envolvida no processo interpretativo é o autor original. Nós apenas
podemos seguir Sua iluminação pelo Espírito Santo, mas iluminação não é inspiração. Para dizer
“assim diz o Senhor”, temos que ser fiéis à intenção original do autor. A aplicação tem que se relacionar
especificamente com a intenção geral do texto como um todo, com a unidade literária específica e com o
desenvolvimento do pensamento no nível do parágrafo.
Não deixe as questões dos nossos tempos interpretarem a Bíblia; deixe a Bíblia falar! Isso pode exigir-
nos extrair princípios do texto. Isso é valido se o texto dá suporte a um princípio. Infelizmente, muitas
vezes os nossos princípios são exatamente isso, os “nossos ” princípios – não os princípios do texto.
Na aplicação da Bíblia, é importante lembrar que (exceto nas profecias) um e somente um significado
é valido para um texto bíblico em particular. Esse significado é relacionado com a intenção original
do autor, na medida em que ele resolveu uma crise ou necessidade em seu tempo. Muitas aplicações
possíveis podem derivar desse significado único. A aplicação será baseada nas necessidades dos destinatários,
mas tem que estar relacionada com o significado que tinha para o autor original.
V. O Aspecto espiritual da Interpretação
Até aqui discuti o processo textual e lógico envolvido na interpretação e aplicação. Agora permitame
discutir brevemente o aspecto espiritual da interpretação. A seguinte lista de checagem tem sido útil
para mim:
A. Ore pela ajuda do Espírito (1Co 1.26-2.16);
B. Ore por perdão pessoal e purificação de pecados conhecidos (1Jo 1.9);
C. Ore por um desejo maior de conhecer a Deus (Sl 19.7-14; 42.1 e segs.; 119.1 e segs.);
D. Aplique imediatamente à sua própria vida qualquer novo entendimento;
E. Permaneça humilde e ensinável.
É muito difícil manter o equilíbrio entre o processo lógico e a direção espiritual do Espírito Santo.
As citações seguintes têm-me ajudado a equilibrar as duas coisas:
A. De Tiago W. Sire, em Entrelaçando as Escrituras, (1) pp. 17-18:
“A iluminação vem à mente do povo de Deus – não para uma elite espiritual. Não há uma casta
de “gurus” na Cristandade bíblica, nem iluminados ou pessoas através das quais toda interpretação
correta tem que vir. Assim, ao mesmo tempo em que o Espírito Santo dá dons especiais de sabedoria,
conhecimento e discernimento espiritual, Ele não designa esses cristãos com os dons para serem intérpretes autorizados da Sua Palavra.
É responsabilidade de cada um dos do Seu povo aprender, julgar e discernir tendo como referência a Bíblia, que permanece como autoridade mesmo para aqueles
a quem Deus deu habilidades especiais. Em resumo, o que estou assumindo do começo ao fim deste livro é que a Bíblia é a verdadeira revelação de
Deus para toda a humanidade; que ela é a autoridade final em todas as questões sobre as quais ela fala; que ela não é um total mistério, mas
pode ser entendida adequadamente por pessoas comuns em qualquer cultura.”
B. Sobre Kierkegaard, como encontrado em Interpretação Bíblica Protestante, (1) de Bernard
Ramm, p. 75:
De acordo com Kierkegaard, o estudo gramatical, léxico e histórico da Bíblia era necessário,
mas antes da verdadeira leitura da Bíblia. “Para ler a Bíblia como a Palavra de Deus, a pessoa tem
que ler com o coração na boca, cautelosamente, com ansiosa expectativa, em conversação com
Deus. Ler a Bíblia superficialmente, sem cuidado, acadêmica ou profissionalmente é não ler a Bíblia
como sendo a Palavra de Deus. Quando alguém a lê como uma carta de amor é lida, então a lê
como Palavra de Deus.”
C. H. H. Rowley, em A Relevância da Bíblia, (2) p. 19:
“Entendimento meramente intelectual da Bíblia, ainda que completo, não pode tomar posse de
todos os seus tesouros. Não é desprezo a tal entendimento, que é essencial à compreensão completa,
mas, se ele é completo, então deve guiar a um entendimento espiritual dos tesouros espirituais deste
livro. Para esse entendimento espiritual, algo é necessário mais do que agudeza intelectual. Coisas
espirituais são discernidas espiritualmente, pelo que o estudante da Bíblia necessita ter uma atitude
de receptividade espiritual e fome por encontrar Deus para apegar-se a Ele, caso pretenda ir além do
seu estudo científico e chegar à rica herança deste que é o maior de todos os livros.”
VI. O Método deste Comentário
Este comentário e guia de estudo foi planejado com o objetivo de apoiar seus procedimentos interpretativos
da seguinte forma:
A. Um breve esboço histórico apresenta cada livro. Depois que você tiver completado o “CICLO
DE LEITURA TRÊS”, verifique esta informação.
B. Vistas do contexto são encontradas no início de cada capítulo. Isso ajudará você a perceber
como a unidade literária é estruturada.
C. No início de cada capítulo ou unidade literária maior são disponibilizados a divisão em parágrafos
e respectivas legendas descritivas de várias traduções modernas (3). As Bíblias disponíveis
em português e utilizadas no presente estudo são:
1. Tradução de João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida (ARC);
2. Tradução de João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada (ARA);
3. Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH);
4. Bíblia Viva (BV);
5. Bíblia de Jerusalém (BJ).
As divisões em parágrafos não são inspiradas. Elas são averiguadas a partir do contexto. Ao
comparar várias traduções modernas, baseadas em teorias de tradução e perspectivas teológicas
diferentes, temos condições de analisar a suposta estrutura de pensamento original do autor.
Cada parágrafo tem uma verdade central. Isto tem sido chamado de “sentença do tópico” ou “idéia
central do texto”. Esse pensamento unificador é a chave para a adequada interpretação his-
tórica e gramatical. Nunca se deve interpretar, pregar ou ensinar com base em menos do que
um parágrafo! Convém lembrar também que cada parágrafo está relacionado com os parágrafos
adjacentes. É por isso que um esboço de todo o livro no nível de parágrafos é tão importante.
Temos que estar capacitados a seguir o fluxo lógico do assunto que está sendo tratado pelo autor
original inspirado.
D. As notas de Bob seguem uma abordagem de interpretação versículo-a-versículo. Isso nos força
a seguir o pensamento original do autor. Essas notas apresentam informações de diversas áreas:
1. Contexto literário;
2. Visão cultural e histórica;
3. Informações gramaticais;
4. Estudo das palavras;
5. Passagens paralelas relevantes.
E. Em certos pontos, o texto impresso original da Nova Versão Americana Standard da Bíblia está
suplementado por traduções de várias outras versões modernas:
1. A de João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida (ARC), que segue textualmente
os manuscritos do “Textus Receptus”, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB);
2. A de João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada (ARA), que é uma revisão da
ARC, também da SBB;
3. A Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH), que é uma tradução do tipo equivalência
dinâmica, igualmente da SBB;
4. A Bíblia de Jerusalém (BJ), baseada numa tradução católica francesa do tipo “equivalência
dinâmica”, publicada no Brasil pela Editora Paulus.
F. Para aqueles que não lêem grego, comparar traduções em nossa linguagem pode ajudar a identificar
problemas no texto:
1. Variações nos manuscritos;
2. Significados alternativos das palavras;
3. Dificuldades gramaticais nos textos e na estrutura;
4. Textos ambíguos.
Embora as traduções para nossa linguagem não possam resolver tais problemas, elas permitem
identificá-los como pontos para estudo mais completo e mais profundo.
G. Ao fim de cada capítulo uma discussão de questões relevantes é apresentada, com o objetivo
de identificar os itens interpretativos mais importantes do capítulo.

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